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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ansiedade e Medo...

Ao mesmo tempo que estou ansiosa para ficar bem e voltar ao trabalho e todos os dias faço aquele esforço para caminhar e estar bem, e "curar-me", assola-me o medo de que tudo isto seja o inicio de mais uma paralisia... e o medo de que essa não tenha retorno como as anteriores tiveram...

Falaram-me há anos da possibilidade de um dia paralisar definitivamente, e desde essa altura que vivo com os cuidados necessários para não deixar que aconteça...
Ao mesmo tempo todos os médicos que me têm consultado ao longo de todos estes anos, contradizem-se uns aos outros e há momentos em que simplesmente já não sei o que pensar!
Uns olham-me com receio, outros como se não tivesse qualquer risco...
E estou tão cansada de exames, raios X, e idas ao hospital, de médicos, agulhas e medicações...

Depois um médico diz uma coisa, o outro a seguir diz outra e nenhum pegou no meu caso para xegar a um diagnóstico final e exacto!

Ao fim de todos estes anos, após 3 paralisias, dezenas de episódios de urgência hospitalar, continuo sem saber ao certo o que tenho!
O que me paralisa, o que provoca estas dores insuportáveis, o que me impede por vezes de caminhar...
E está a chegar o Inverno e tenho tanto medo... No Inverno vivo sempre com a dor diária... Basta chegar o frio e começa a jornada diária de dor, que com o calor alivia!

Sinto-me tão cansada que por vezes tenho vontade de desistir... tenho medo de me tornar num "peso" para as pessoas que amo... Olho para o meu amor e dói tanto ver a dor dele por me ver sofrer, que chego a não conseguir medir se me dói mais fisicamente ou psicologicamente, por o ver chorar quando choro de dores!

Não posso ter feito tanto mal, para merecer aos 30 anos ter que me conformar que a minha vida vai ter sempre dor... Não posso conformar-me a viver com dor!
Tem que haver uma possibilidade de existir alguém que realmente se interesse em me dar um diagnóstico e tratar-me... Tem que existir essa pessoa no Serviço de Saúde Nacional, sem eu ter que me sujeitar a gastar o que não tenho em médicos particulares!
Eu não peço para ser rica... Peço saúde para continuar a trabalhar, e conseguir trabalhar continuamente sem ter que desistir de um emprego por o meu corpo não aguentar!
Já tive que desistir de tantos trabalhos que amei e em que me sentia tão realizada por ser boa no que fazia, simplesmente porque o meu corpo não aguentou!

Descobriram um virús que cura o cancro... Portanto é mais que básico alguém descobrir o que tenho e como tratar!
Só quero isso... nada mais....

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Saudade....


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Autor:
Clarice Lispector